O Cerrado é o coração do Brasil. É o “berço das águas”, onde os rios das três bacias hidrográficas – São Francisco, Tocantins e Prata – tecem a geografia que une várias regiões. É um grande território de rica diversidade biológica nos domínios dos chapadões, planaltos, tabuleiros, veredas, sertões, campos rupestres, matas de galeria.
Em suas paisagens e ecossistemas há múltiplas relações socioculturais de seus povos com a natureza que constroem nossa sociobiodiversidade. Lá estão “os povos indígenas de tronco Jê (como os Xerente, Xakriabá, Apinajé e Xavante), mas também Tupi-Guarani (como os Guarani e Kaiowá) e Arawak (como os Terena e os Kinikinau). Lá vivem as comunidades quilombolas, como os Kalunga (de Goiás e Tocantins), os Jalopeiros (do Jalapão) e muitas outras. Lá estão também as comunidades tradicionais, como as quebradeiras de coco-babaçu, raizeiras, comunidades fecho de pasto, apanhadores (as) de flores, benzedeiras, retireiros (as), pescadores (as) artesanais, pantaneiros(as)” (Aguiar e Lopes, 2021:240).
E nos sertões dos gerais estão os gerazeiros (as), vazanteiros (as), veredeiros (as). São identidades que moldaram e foram moldadas pelas paisagens e o viver no Cerrado. E há também os povos tradicionais de matriz africana e povos de terreiro, os assentados e assentadas da reforma agrária, os trabalhadores rurais sem-terra, camponeses e camponesas.
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Maria Emília Pacheco é ex-presidente do CONSEA, integrante do Núcleo Executivo da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), assessora da FASE e faz parte do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional- FBSSAN.
Essa matéria foi publicada também na ANA – Articulação Nacional de Agroecologia
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